No livro Treinamento funcional na prática desportiva e reabilitação neuromuscular (Liebenson, Craig) traz um trecho sobre visualização.Treinar usando a visualização é fazer os exercícios na imaginação e como o corpo reage a mente,Explica o processo fisiológico que ocorre quando é utilizado esta ferramenta.Também mostra que não substitui totalmente a prática mas sim auxilia.Como sugestão para aumentar o efeito do treino é combinar o físico com o mental. Nos próximos postes trarei material sobre efeito placebo e
efeito Nocebo.
Visualização
Em 1992, dois cientistas, Yue e Cole, realizaram um estudo
para demonstrar a força que a mente tem sobre músculos
(64). O estudo consistiu em dois grupos de pessoas. O primeiro
grupo fez um exercício de treinamento de força para
o dedo mínimo, cinco vezes por semana, por 4 semanas.
O segundo grupo imaginou realizar o mesmo exercício na
mesma frequência e tempo. Enquanto os indivíduos que
realizaram o treinamento de força real melhoraram sua força
em 30%, aqueles que simplesmente imaginaram o exercício
de treinamento de força melhoraram sua força em 22%.
Pesquisas neurofisiológicas têm sugerido que, por
meio do uso de prática mental, pode ser possível melhorar
a força muscular sem realmente requerer contração muscular
significativa (64, 65). Yue, falando sobre a plasticidade
do comando neural para a capacidade de CVM, pergunta:
“O comando do cérebro ao músculo para CVM é fixo?”
Se a resposta é sim, então apenas aumentar a massa muscular
e/ou melhorar a coordenação dos músculos resulta em
aumento da força muscular. Se a resposta é não, então ao
aumentar o comando neural do cérebro por meio do treinamento
do sistema neuromuscular, ou mesmo do sistema
neural de forma isolada, leva à melhora da força muscular.
De modo semelhante, tem sido mostrado que a prática
mental é efetiva no aumento da produção de força do
músculo abdutor do dedo mínimo na mão (66). A melhora
da força muscular para grupos treinados foi acompanhada
por aumentos significativos em potencial cortical derivado
do eletrencefalograma, uma medida que se mostrou previamente
estar relacionada de modo direto ao controle de
contrações musculares voluntárias. A prática mental também
produziu ganhos de força nos músculos dorsiflexores
do tornozelo, que são importantes durante o andar (67).
O treinamento de um membro foi associado com um
aumento da força voluntária dos músculos contralaterais
não treinados, muito embora os músculos contralaterais
permanecessem quiescentes durante o treinamento (68).
A prática mental em pessoas sem déficits pode levar a um
aumento na produção de torque semelhante ao produzido
pela prática física.
Esses achados não deveriam ser surpreendentes,
considerando-se que a maioria dos ganhos de força iniciais
a partir de exercícios de resistência não é devida a mudanças
na capacidade fisiológica das próprias fibras musculares.
A hipertrofia muscular resultante da adição de proteínas
contráteis é um processo gradual que leva muitas semanas
para acontecer (69, 70). Por isso, pensa-se que a capacidade
de aumentar a produção de força durante as semanas
iniciais de treinamento seja resultante de adaptações neurais
(69, 71). Os possíveis mecanismos dessas adaptações
neurais incluem o aumento da superfície intersináptica das
unidades motoras (72), coordenação intermuscular e intramuscular
melhorada (73), e cocontração diminuída dos
músculos antagonistas (74).
Tem sido sugerido que a atividade neuromuscular
capacita o córtex motor a desenvolver esquemas motores
(75) ou prepara nodos de movimento muscular correspondente
(76). Em uma interpretação mais cognitiva, pesquisadores
têm proposto que a prática mental aumenta o desempenho
por melhorar a preparação e previsão de movimentos
em vez de sua execução (77). O fundamento para essa proposta
vem do achado obtido por tomografia de emissão de
pósitrons, de atividade aumentada na parte medial do córtex
orbitofrontal e atividade diminuída no cerebelo depois
de prática mental (77).
Artigos:
64. Gladwell M. Outliers: The Story of Success. New York: Little,
Brown, and Co.; 2008.
65. Coyle D. The Talent Code. New York: Bantam Dell; 2009.
66. Hambrick DZ, Meinz EJ. Limits of the predictive power
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67. Campitelli G, Gobet F. Deliberate practice: necessary
but not sufficient. Curr Directions Psychol Sci 2011;20:
280–285.
68. Hambrick DZ, et al. Deliberate practice: is that all it takes to become
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69. Moesch K, Elbe A-M, Hauge M-LT, Wikman JM. Late specialization:
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70. Janelle CM, Hillman CH. Current perspectives and critical issues
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72. Colibaba ED, Bota I. Jocurile Sportive: Teoria si Medodica. Bucuresti:
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74. Kraemer WJ, Fleck SJ, Callister R, et al. Training responses of plasma
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Liebenson, Craig.
Treinamento funcional na prática desportiva e
reabilitação neuromuscular [recurso eletrônico] / Craig
Liebenson ; tradução: Geraldo Serra, Ivan Jardim ; revisão
técnica: Ivan Jardim. – Porto Alegre : Artmed, 2017.
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