HISTÓRIA DO ATLETISMO
TEMPOS ANCESTRAIS
No Egito Antigo e Mesopotâmia
Temos muitos registros dos Jogos Olímpicos da antiguidade, mas e antes deles? Havia competições atléticas ainda mais antigas?
Sim, as primeiras civilizações no Egito e Mesopotâmia, milênios antes dos Jogos na Grécia antiga, já tinham a tradição de atividades atléticas. Isto é comprovado por fontes literárias e iconográficas descrevendo cenas atléticas já em 3.000 a.C.
No Egito e Mesopotâmia, o interesse por atividades atléticas ficou registrado em templos e tumbas. O esporte no Egito antigo incluía: luta, combate com varas, boxe, acrobatismo, arco e flecha, vela, jogos de bola e eventos eqüestres. Tudo indica que os eventos atléticos eram restritos aos membros das classes elevadas. Textos egípcios mostram a importância da atividade física na preparação do faraó e membros da corte.
Os gregos pré-clássicos - micênicos e minóicos
Além do Egito e Mesopotâmia, outras civilizações, inclusive na própria Grécia pré-clássica, já praticavam o atletismo antes dos Jogos Olímpicos.
Os minóicos, civilização que habitava a ilha de Creta no período de 2.100 a 1.100 a.C., tinham interesse especial pela ginástica. Os afrescos indicam que as atividades atléticas eram praticadas por membros da nobreza em áreas perto do palácio.
Na cultura minóica os touros eram muito importantes (lembrem-se da lenda do minotauro de Creta) e também faziam parte dos eventos atléticos através do salto sobre o touro. Sim, os atletas realizavam saltos sobre touros vivos e provavelmente não muito amistosos!
Outros esportes praticados pelos minóicos eram o boxe, luta e acrobacias. Os estudos indicam que havia um componente religioso forte nos eventos atléticos.
Já os micênicos (1600-1100 a.C.), adotaram os esportes minóicos e acrescentaram a corrida de bigas e competições de pista. Tal qual na Creta minuana, os esportes tinham caráter religioso, porém os micênicos preferiam a luta e o boxe.
Jogos Olímpicos da Antiguidade
Os Jogos Olímpicos começaram em 776 a.C. em Olímpia, na Grécia antiga, e duraram por mais de mil anos. Entretanto, o evento religioso que deu origem aos Jogos é bem mais antigo podendo datar do século 13 a.C.
Tal qual a Olimpíada moderna, os jogos eram realizados de 4 em 4 anos. Porém eles sempre aconteciam em Olímpia, os esportes eram menos numerosos e só podiam participar homens que falassem o idioma grego.
Olímpia atraía homens (as mulheres não eram permitidas) de todo o mundo grego. Não se sabe quantas pessoas compareciam aos Jogos, mas o estádio olímpico tinha a capacidade estimada entre 45 mil e 50 mil espectadores.
Os competidores chegavam a Olímpia um mês antes do início oficial dos Jogos e passavam por um treinamento moral, físico e espiritual sob a supervisão dos juízes.
As mulheres não eram permitidas nos Jogos Olímpicos, não porque os atletas competiam nus, mas por ser Olímpia dedicada ao deus Zeus, sendo uma área sagrada para homens. Nas competições de bigas, realizadas fora da área sagrada, as mulheres eram permitidas. Havia festivais femininos nos quais os homens eram banidos, sendo o mais famoso o Heraean, em Argos, o qual incluía competição de lançamento de dardo.
A corrida foi o único esporte praticado nas primeiras 13 Olimpíadas. A distância era de um "stadia" que correspondia aproximadamente a 85 metros. Depois foram acrescentadas corridas mais longas como o "diaulos" (365 metros) e o "dolichos" (24 "stadias" ou 2 km). Em 708 a.C. foram acrescentados: o pentatlo e eventos de luta, em 688 a.C. o boxe e em 680 a.C. a corrida de bigas.
O prêmio pela vitória era uma simples coroa feita de ramos de Oliveira. Entretanto os atletas viravam celebridades e, era comum, os vitoriosos receberem benefícios tais como ter toda a sua alimentação paga pelo resto da vida, ou ter um lugar reservado na primeira fileira dos teatros.
Com o domínio romano sobre os gregos os Jogos Olímpicos foram perdendo sua identidade. Na época do Imperador Nero, no lugar de cidadãos livres, escravos passaram a competir por suas vidas contra animais selvagens. Em 393 d.C. os gloriosos Jogos Olímpicos foram abolidos por decreto do Imperador Romano Teodósio.
Origem da Maratona
Diz a lenda...
O ano era 490 a.C., os gregos haviam vencido os persas na batalha de Maratona e coube a Pheidippides a tarefa de levar a boa notícia até a cidade de Atenas.
Ele correu aproximadamente 35 km da planície da Maratona até Atenas e ao chegar só teve fôlego de anunciar "vencemos" e caiu morto!
Na verdade não existe prova desta lenda, mas a história era boa e inspirou a competição que foi realizada pela primeira vez na Olimpíada de 1896 em Atenas.
Mas a história real é ainda mais incrível...
Se você achou notável um mensageiro correr 35 km subindo desde a planície de Maratona até Atenas, espere pela verdadeira história.
Na verdade Pheidippides foi encarregado de uma tarefa mais árdua e importante. Quando os Persas estavam chegando na Grécia para destruir Atenas, coube a Pheidippides ir até Esparta, a 240 km de distância, pedir reforços. Correndo!
Isso mesmo, correndo. Como caminho era irregular para os cavalos, somente um mensageiro corredor poderia cobrir a distância em tempo.
E então Pheidippides correu em dois dias os 240 km por terreno irregular, só para chegar em Esparta e receber um não como resposta. Os espartanos estavam comemorando o festival de Artemis e se recusaram a ajudar. E lá veio Pheidippides de volta a Atenas com a má notícia, correndo.
Se você acha que Pheidippides era um caso a parte, saiba que foi através da corrida que os atenienses venceram os Persas.
Não era só Pheidippides que corria
Na verdade não era só Pheiddipedes que corria, já que a preparação física era fundamental no exército ateniense. E foi graças à corrida que eles derrotaram os Persas em Maratona. Como?
O plano persa era simples: desembarcar na planície de maratona, derrotar o pequeno exército ateniense e então dar a volta pela costa para invadir Atenas pelo sul desprotegido.
Eram menos de 10 mil atenienses que, sabendo da má notícia trazida por Pheidippides, resolveram fazer um ataque rápido ao exército de mais 25 mil persas que havia desembarcado na planície de Maratona.
O ataque surpresa foi um sucesso e os persas formam expulsos de volta aos seus barcos. Aí começou a segunda fase do plano persa: navegar por 8-10 horas até a praia de Phaleron que acreditavam estaria desprotegida.
Foi aí que os atenienses precisaram usar todo seu preparo físico. Depois de uma batalha que havia durado um dia inteiro, eles teriam que correr aproximadamente 40 km até Phaleron para impedir o desembarque persa.
Nesta maratona os primeiros atenienses conseguiram alcançar Phaleron entre 5-6 horas e, uma hora antes dos barcos persas chegarem, os gregos já estavam na praia prontos para a batalha. Esta corrida foi decisiva para a vitória.
Os persas não acreditaram em seus olhos quando, ao chegar em Phaleron, viram o exército ateniense. Apesar de serem mais numerosos ficaram atemorizados pelos atenienses que pareciam super-homens. A frota persa navegou mais alguns dias procurando em vão um porto seguro para desembarque e então se retiraram.
Fonte pesquisada: texto de Michael Clarke, Runner's World inglesa, Janeiro 1999.
Fonte pesquisada: texto de Michael Clarke, Runner's World inglesa, Janeiro 1999.
TEMPOS MODERNOS
O barão de Coubertin revive as Olimpíadas
Os gloriosos Jogos Olímpicos, interrompidos no ano 393 d.C. por decreto do Imperador Romano Teodósio, tiveram o seu renascimento no final do século XIX. O principal fator deste renascimento foi a escavação, em 1852, das ruínas do templo de Olímpia onde aconteciam os Jogos nos tempos ancestrais. A redescoberta da história das olimpíadas provocou um renascimento dos valores esportivos dos gregos antigos que acabaram influenciando o francês Charles Louis de Feddy, mais conhecido como barão de Coubertin.
Segundo o próprio barão, o final do século XIX apresentava todo um conjunto de circunstâncias que culminariam no renascimento dos Jogos Olímpicos:
"A idéia do renascimento dos Jogos Olímpicos não foi uma fantasia passageira: foi a culminação lógica de um grande momento. O século XIX presenciou o prazer pelos exercícios físicos renascer em todos os lugares... Ao mesmo tempo as grandes invenções, as ferrovias e o telégrafo conectaram distâncias e a humanidade passou a viver uma nova existência. As pessoas se misturaram, conheceram-se melhor e imediatamente passaram a se comparar. O que um conseguia o outro desejava conseguir também. Exibições universais trouxeram para uma localidade produtos de todo o mundo, congressos científicos ou literários reuniram as variadas forças intelectuais. Então como poderiam os atletas não buscar se reunirem, já que a rivalidade é a base do atletismo e na realidade a ração de sua existência?" (Barão Pierre de Coubertin, 1896).
Assim, no dia 23 de junho de 1894, o barão convocou um congresso esportivo-cultural e apresentou a proposta para o retorno dos Jogos Olímpicos. Os delegados de 12 países reunidos na Sourbone ficaram tão entusiasmados com o projeto que marcaram a primeira Olimpíada da era moderna para dali a dois anos em Atenas.
Apesar do barão de Coubertin ser mundialmente reconhecido como responsável pelo renascimento da Olimpíada, aconteceram antes outras tentativas de reviver os jogos.
As primeiras tentativas de reviver as Olimpíadas
Na Grécia do século XIX o ideal dos antigos Jogos Olímpicos não havia sido completamente esquecido. Apesar do barão de Coubertin ser mundialmente reconhecido como responsável pelo renascimento da Olimpíada, aconteceram, muito antes de seu nascimento, outras tentativas de reviver os jogos por parte dos gregos.
Sabe-se que em 1838 a municipalidade de Letrini, perto da antiga Olímpia, decidiu reviver os Jogos Olímpicos. Eles planejavam realizar os Jogos a cada 4 anos na cidade de Pyrgos, mas não há mais informações e historiadores acreditam que o evento nunca aconteceu.
Outra tentativa de maior sucesso foi empreendida pelo rico grego Evangelos Zappas através dos Jogos Olímpicos Zappianos. Aconteceram quatro edições destes jogos nos anos de 1859, 1870, 1875 e 1889 com premiações simbólicas e em dinheiro para os vencedores.
A História da São Silvestre
A São Silvestre, corrida mais tradicional do Brasil, começou à meia-noite do dia 31 de Dezembro de 1924. Numa época em que as corridas eram praticadas de forma muito esporádica praticamente somente no interior de São Paulo, o jornalista Cásper Líbero se inspirou em uma corrida noturna que assistiu na França, na qual corredores carregavam tochas, e deu início à corrida mais famosa do Brasil, que desde então é disputada de forma ininterrupta na capital paulista.
Até a 1944 a São Silvestre era disputada apenas por corredores brasileiros. Em 1945 a prova passou a chamar-se Corrida Internacional de São Silvestre com atletas do Chile e Uruguai. A partir daí a São Silvestre passou a receber alguns dos melhores corredores fundistas do mundo, tornando-se prestigiosa internacionalmente. Dentre os grandes nomes do atletismo mundial estão o tcheco Emil Zatopek, a locomotiva humana, que venceu a São Silvestre de 1953. Além dele, pode-se citar como outros destaques internacionais quatro tetracampeões: o belga Gaston Roelants (vencedor em 64, 65, 67 e 68), o colombiano Victor Mora (72, 73, 75 e 81) e o equatoriano Rolando Vera (86, 87, 88 e 89). Porém o maior vencedor da São Silvestre foi o queninano Paul Tergat, que venceu por cinco vezes a prova: 95, 96, 98, 99 e 2000. Na fase internacional os brasileiros ficaram em um jejum de vitórias de 1946 até 1980, quando José João da Silva sagrou-se campeão. Depois dele outros brasileiros que venceram foram João da Mata, Ronaldo da Costa, Émerson Iser Bem, Marilson Gomes dos Santos e Franck Caldeira.
Em 1975, Ano Internacional da Mulher pela ONU, foi instituída a corrida feminina, a qual teve como vitoriosa a alemã Christa Valensieck. Dentre as mulheres a maior vencedora foi a portuguesa Rosa Mota, que venceu as edições de 1981 a 1986.
Durante todos esses anos a São Silvestre sofreu várias alterações no percurso e distância. Em 1991, foi estabelecida a distância atual de 15 km com o objetivo de atender as especificações da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) e poder integrar o calendário de provas de rua. Em 1989 a corrida de São Silvestre passou a ser disputada no horário da tarde, o que a fez perder grande parte do charme de uma corrida noturna na passagem do ano.
Atualmente a São Silvestre não é só um grande evento esportivo, mas também uma festa televisionada para todo o país que conta com fantasiados e outras pessoas buscando seus 15 minutos de fama na TV. Infelizmente muitos corredores de nível atlético mais baixo aproveitam o começo da prova para correr na frente e aparecer na TV, atrapalhando os verdadeiros competidores, e parando no primeiro ou segundo quilômetro.
Lista de exercícios para trabalhar com corrida e lançamento de disco
1) Segurando a medicineball, saltar por sobre os colegas até o final. O primeiro levanta-se e recebe um passe para iniciar seus saltos.
2) 4 grupos = 1 em cada canto da quadra. O professor orienta as trocas dos grupos, p.ex.: 1 e 2, 3 e 4, 2 e 4...
3) Pula cela
4) O primeiro deve colocar as bolas, uma de cada vez, dentro de cada arco. O próximo deve recolher as bolas, uma por vez também, de dentro dos arcos.
5) Corrida em coluna, o último deve tornar-se o primeiro ao sinal do professor.
6) Ao redor da pista, em duplas, cada um corre em um sentido até se encontrarem novamente, quando deve mudar o sentido da corrida.
7) Lançamentos de perfil, por cima da cabeça.
8) Lançamentos de frente, por cima do ombro.
9) Com disco na mão, lançar para o alto e pegar com a mesma mão.
10) Com o disco na mão, trocar de mão por entre as pernas, sem deixar o disco cair.
Fonte: Jogos Poliesportivos, vol. 1 e 2; Jogos de Campo.
CORRIDA DE REVEZAMENTO
TIPOS OU ESTILOS DE PASSAGEM DO BASTÃO 4 x 100 m
Dentre os estilos que já foram experimentados, utilizados e abandonados, ficou comprovada a eficiência, evidente com alguns inconvenientes, de dois estilos para a passagem do bastão: o francês ou descendente e o alemão ou ascendente.
Francês ou descendente: Neste estilo, o corredor que vai receber o bastão, ao ouvir o sinal do companheiro que está de posse do objetivo, estende para trás um dos braços, previamente determinado, colocando a mão com a palma voltada para cima e com os dedos unidos, à exceção do polegar, que se afasta dos demais, colocando se em posição de recepção. Nesse momento, o corredor que conduz o bastão coloca-o através de um movimento de cima para baixo e pela extremidade livre do mesmo, na mão do receptor, que o agarra rapidamente e coloca o braço em posição de corrida, dando prosseguimento à corrida. A vantagem deste estilo está no fato de que a maneira como o bastão é colocado sobre a mão do companheiro possibilita um espaço livre maior, o que facilita a entrega seguinte.
Alemão ou ascendente: Aqui, para receber o bastão, o corredor coloca o braço de ação semi-flexionado para trás, com a palma da mão voltada para cima e o companheiro que se aproxima, tendo os dedos unidos, excetuando o polegar, que forma uma letra V voltada para baixo, em direção do solo. Dessa forma, o bastão é colocado em sua mão através de um movimento de baixo para cima, executado pelo companheiro que se faz a passagem. Daí a denominação da passagem ascendente, devido à trajetória de elevação do bastão para ser depositado na mão do corredor receptor. O inconveniente deste estilo no perigo de o bastão cair da mão, uma vez que a mão receptora deve se unir ou ficar muito próxima à mão do companheiro que faz a entrega, a fim de não faltar espaço no bastão nas passagens seguintes, isto é, a metade anterior do bastão precisa ficar livre.
FORMA DE PASSAGEM DO BASTÃO
Dependendo da distância do revezamento, existe uma forma particular para se fazer a passagem do bastão. Como existem duas classes de revezamentos, os rápidos (4 x 50 m, 4 x 75 m e 4 x 100 m) e os longos (4 x 400 m para cima), são utilizadas, então, duas formas de passagem, uma para cada classe: a passagem não-visual ou "às cegas" e a passagem visual.
Passagem não-visual ou "às cegas": Como já contamos, a técnica da passagem do bastão visa uma realização extremamente rápida nas trocas entre os componentes da equipe e qualquer procedimento utilizado este fim, que resulte em ganho de tempo, deve ser aproveitado da melhor maneira. É por esse motivo que os revezamentos de velocidade (4 x 100 m) utilizam a forma não-visual ou "às cegas" que recebe essa denominação porque, no momento em que se está processando a passagem, o corredor que recebe o bastão o faz sem olhar para trás, já sabendo da ação do companheiro, isto é, toda a ação se efetiva automaticamente. Assim, são economizadas preciosas frações de segundos, o que irá se refletir positivamente a esses motivos, para ser eficiente, a passagem não-visual ou "às cegas" precisa ser muito treinada entre os quatros elementos que compõem a equipe, para se tornar automática.
Passagem visual: Esta forma de passagem do bastão é característica dos revezamentos longos (acima de 400 m), que não exigem tanta velocidade ao serem efetuadas as trocas, visto que cada um dos corredores já está bastante cansado ao aproximar-se do final da sua etapa de corrida, o que lhe impede de desenvolver ou imprimir uma velocidade muito alta. Com isso, não se torna necessária a realização da passagem do bastão com tanta rapidez, porque a reduzida condição do corredor que vai fazer a entrega obriga o companheiro receptor a esperá-lo, olhando a sua ação, daí a denominação de passagem visual.
MÉTODOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO REVEZAMENTO
Além dos estilos e tipos de passagem do bastão, um outro procedimento a ser levado em consideração, visando o melhor rendimento, na corrida, diz respeito aos.métodos empregados para o desenvolvimento de todo o conjunto dos revezamentos a serem efetuados no transcorrer da prova. Esses métodos, que completam o mecanismo das corridas de revezamento dizem respeito à maneira pela qual o bastão deve ser conduzido durante a trajetória da corrida, ou seja, a mão na qual o bastão deve ser transportado. Para isso, são utilizados dois métodos uniforme e o alternado.
Método Uniforme: Caracterizado pela troca de mãos, porque o corredor recebe o bastão em uma das mãos e imediatamente passa-o para a outra. Exemplo: o primeiro corredor parte com o bastão na mão direita e entrega-o ao segundo em sua mão esquerda; este imediatamente troca o bastão de mão, passando-o à direita, para prosseguir a corrida; e assim sucessivamente, de forma que os quatro corredores realizam suas etapas da corrida conduzindo o bastão na mão direita, realizando portanto uma ação uniforme.
Considerando que existe uma pequena perda de tempo e uma ligeira influência negativa na ação da corrida, esse método já não é o mais indicado, muito embora tenha sido utilizado pela excelente equipe dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, enquanto todas as demais equipes finalistas o método alternado, no qual não se faz a troca de mãos.
Método Alternado: Neste método não existe a troca de mãos; o bastão é transportado na mesma mão que o recebeu e, por este motivo, torna-se necessário adotar algumas medidas para a disposição de cada um dos componentes da equipe dentro da pista. Assim, o corredor transporta o bastão na mão direita corre pelo lado interno da sua baliza e o que recebe já está postado no lado externo da baliza, por onde fará a sua corrida uma vez que o bastão será depositado em sua mão esquerda. No conjunto todo, pela ordem, o primeiro corredor leva e passa o bastão com sua mão direita, correndo pelo lado interno da pista; o segundo corredor recebe, leva e passa o bastão com sua mão esquerda; correndo pelo lado externo da baliza; o terceiro recebe, transporta e passa o bastão com sua mão direita, correndo pelo lado interno e, finalmente, o quarto último componente da equipe recebe o bastão em sua mão esquerda e o mantém na mesma durante toda a corrida, até ultrapassar a linha de chegada, fechando assim o revezamento. Disso se conclui que os revezamentos foram realizados alternadamente - direito, esquerda, direito, esquerda - razão pela qual esse método se denomina método alternado.
O REVEZAMENTO 4 X 100 METROS
Já mencionamos que os revezamentos rápidos possuem três zonas de passagem, nas quais devem ser efetuadas as trocas ou revezamentos entre os corredores. Em hipótese alguma o bastão pode ser passado de um corredor para o outro fora dos 20 m da zona de passagem. Como é necessário que essas trocas sejam efetuadas sem solução de continuidade da corrida, para não prejudicar a velocidade, existe um espaço de 10 m antes do início da zona de passagem, denominado zona opcional, onde o corredor que recebe o bastão se coloca em posição de espera do companheiro que traz o bastão a ser recebido por ele. Essa zona tem objetivo permitir ao corredor receptor do bastão iniciar a sua corrida com antecedência, a fim de entrar na zona de passagem em alta velocidade, para se igualar à velocidade do companheiro que está chegando. Assim, desenvolvendo o mesmo ritmo os dois efetuam o revezamento sem perda de tempo, pois caso contrário haveria uma quebra na continuidade da corrida, porque aquele que recebe não teria espaço para adquirir sua velocidade total. Conseqüentemente, o corredor que chega com o bastão para fazer a entrega teria que diminuir o seu ritmo, prejudicando desta forma o melhor rendimento. O corredor que vai receber o bastão deve se colocar no começo da zona opcional numa posição favorável para executar a sua ação. Para isso, existem duas maneiras de posicionamento: a saída alta e a saída semi-agachada.
Saída alta: O corredor se coloca em pé ligeiramente antero-posterior, tendo o peso do corpo sobre a perna da frente. A cabeça deve estar voltada para trás, com o olhar dirigido ao companheiro que vem ao seu encontro.
Saída semi-agachada: É a posição de espera em que o corredor postado no início da opcional, se coloca na posição de três apoios, com as pernas em afastamento antero-posterior e a mão contrária ao pé da frente apoiada no chão. O olhar deve estar voltado para trás do lado oposto à mão que está apoiada, observando o companheiro que se aproxima. O braço livre é colocado para trás, em posição normal de corrida.
Essas duas posições, adotadas pelos corredores que vão receber o bastão, além de ajudar a impulsão inicial da corrida, também permitem uma melhor visualização do companheiro que está se aproximando com o bastão. Assim, quando este passa por
uma marca feita na pista, denominada handcap ou referência, o receptor do bastão começa a correr e não olhar mais para trás, porque a partir desse instante toda a ação realizada pelos dois corredores é automática, obtida através de treinamento, até que o bastão seja passado de um corredor para o outro. Esse handcap tem uma medida variável, normalmente 20 a 30 pés, uma vez que é determinado de acordo com a velocidade dos dois corredores que vão realizar o revezamento. Assim, quando o corredor que chega com o bastão passa pela marca indicativa do handcap, aquele que vai receber começa a sua corrida sem mais preocupações, pois a marca utilizada como referência lhe dá o tempo suficiente para adquirir uma velocidade igual ou aproximada a do companheiro quando ambos já estão dentro da zona de passagem, prontos para fazer o revezamento, que só acontece através de um aviso dado pelo corredor que vai passar o bastão. Isso acontece nos cinco metros finais da zona de passagem, portanto já no final.
Finalmente, para se chegar ao sucesso na formação de uma equipe de revezamento 4 X 100, é preciso uma combinação de todos esses procedimentos técnicos que acabamos de comentar, mais as perspectiva e a visão do professor ou técnico na escolha dos componentes da equipe. Para a seleção dos elementos que deverão formar uma única unidade, em que cada uma das peças integrantes deve estar totalmente adequada à sua função, levamos em consideração as características individuais de cada um, nas quais se observa o seguinte:
A) O primeiro corredor corre uma distância maior com o bastão em relação aos demais companheiros. Preferivelmente, dever ser um bom corredor de curva porque a sua etapa de corrida é composta da primeira curva da pista. E finalmente, deve ser um grande largador, por ser ele o elemento encarregado de sair do bloco de partida, portanto, o iniciante da corrida.
B) O segundo corredor deve ter sua velocidade combinada com a do primeiro corredor, ou seja sua velocidade inicial deve estar relacionada com a velocidade final do primeiro homem. Deve ter uma reação bastante rápida para iniciar a sua corrida no momento em que seu companheiro passa pelo handcap, para que sua partida seja bastante segura. Precisa dominar perfeitamente o revezamento, uma vez que vai receber e passar o bastão logo a seguir. E deve ser um bom corredor de reta e muito potente porque, juntamente com o terceiro corredor, é o elemento que corre maior distância entre os componentes da equipe (cerca de 126 m
aproximadamente).
C) O terceiro corredor, tal como o primeiro corredor, deve ser um excelente corredor de curva; as demais características são idênticas ao segundo corredor.
D) O quarto corredor, entre todos os componentes da equipe, é aquele que corre a menor distância com bastão na mão, por ser o último corredor, cuja etapa termina na linha de chegada com o bastão na mão. Por ser o último corredor, cuja etapa termina na linha de chegada da prova, precisa estar bem entrosado com o terceiro corredor e dominar perfeitamente a recepção do bastão, não tendo necessidade de ser um bom entregador porque não realiza esta ação, uma vez que é finalizador.
Normalmente, é o melhor velocista porque será o elemento que deverá manter uma possível vantagem conseguida por seus companheiros ou mesmo tirar ou descontar um possível retardamento, ocasionado por alguma deficiência. Com essas considerações, torna-se possível concluir que cada um dos quatro componentes da equipe deve possuir certas características individuais, de acordo com as exigências da prova, e que cada uma dessas exigências deve ser muito treinada para se atingir a maior perfeição. Outro fator que deve ser levado em consideração, por ser também de grande importância é que, após formada a equipe, deve-se manter a mesma ordem ou disposição dos corredores porque o perfeito entrosamento e sincronismo entre todos os elementos é difícil de ser conseguido com total perfeição e as constantes mudanças viriam a comprometer ainda mais a unidade da equipe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A PROVA DOS 400 X 100 METROS
Para finalizar o estudo da técnica de revezamento do 4 x 100 m, vamos mencionar algumas das conclusões sobre o perfil atual desse tipo de prova, apresentadas no VI Congresso da Associação Internacional de Atletismo, realizado no ano de 1973 em Madri, no qual foi apresentado um panorama técnico de grande importância, visto que os resultados são de grande valor para os professores de Educação Física e Técnicas de Atletismo, porque são produtos de análises das oito melhores equipes de revezamento dos Jogos Olímpicos da Alemanha em 1972.
- Com exceção da equipe dos Estados Unidos, que utilizou o método alternado com troca de mãos., todas as demais empregaram o método alternado sem troca de mãos
- Com exceção da Polônia, que empregou um tipo exclusivo de passagem e da Itália que combinou a passagem ascendente com a descendente, todas as restantes utilizaram a passagem ascendente ou alemã.
- A grande maioria das equipes adotou para os seus componentes a recepção do bastão com o braço estendido.
- Quanto à posição de espera para iniciar a corrida dentro da zona opcional, foram adotadas pela maioria dos corredores a saída alta e a semi-agachada, sendo que, para a primeira e terceira entrega, os corredores se colocavam do lado externo da raia e no lado interno para a segunda passagem. Os que adotaram a saída semi-agachada, em sua maioria apoiavam a mão contrária ao pé que estava à frente, com o olhar dirigido para o interior na primeira e terceira entrega exterior na segunda.
Da essência dessas conclusões, pode-se notar que, atualmente, a eficácia de uma técnica de revezamento rápido se baseia especialmente no método alternado sem troca de mãos, em que os atletas que correm em curva o fazem próximos do lado interno de sua raia e os que correm na reta desenvolvem o seu trajeto bem próximos no lado externo da sua raia. As entregas do bastão são feitas com a máxima velocidade por ambos os corredores, que realizam a sua ação mantendo o tronco em posição ou colocando-o ligeiramente flexionado para receber o bastão. Nota-se que, aparentemente, as corridas de revezamento parecem muito simples. Por esse motivo, a grande maioria de nossos professores freqüentemente improvisam suas equipes ou deixam tudo para o momento, esquecendo ou ignorando esse conjunto de pequeno detalhes que são de importância fundamental, uma vez que sem os mesmos a equipe deixa de ser um conjunto, perdendo a unidade geradora da motivação que permite a continuidade de um trabalho realizado com muita satisfação tanto pelos alunos como pelo professor.
O TREINAMENTO
O treinamento para os componentes de uma equipe de revezamento é o mesmo utilizado para os corredores de 100 a 200 metros rasos, uma vez que normalmente a equipe é formada pelos corredores dessas duas provas. A este tipo de treinamento deve ser acrescido o treinamento técnico, visando a boa realização dos fundamentos desta prova para que haja o necessário entrosamento entre os quatro elementos. Os aspectos técnicos a serem abordados no treinamento desta prova são os seguintes:
a) Saídas do bloco para o primeiro componente da equipe, sem esquecer que, para realizar a saída ele deve ter na mão o bastão.
Para facilitar o apoio dos dedos sobre a pista, podem ser utilizadas algumas formas.
b) O mecanismo da passagem do bastão deve ser ensaiado insistentemente, até que haja uma perfeita execução entre os quatro elementos da equipe. Assim, o primeiro elemento treina a passagem ao segundo; este treina a recepção do primeiro e a passagem para o terceiro; o terceiro treina a recepção do segundo e a passagem ao quarto e este treina a recepção do terceiro e não precisa ser um excelente entregador, porque ele finaliza a prova, não precisando desta maneira passar o bastão a ninguém. Esses exercícios podem ser realizados com os dois companheiros parados no lugar, trotando ou correndo em alta velocidade, quando os fundamentos estiverem dominados.
c) Este item é o mais importante, pois se refere ao ajuste da velocidade entre o primeiro e o segundo, o segundo e o terceiro, o terceiro e o quarto elementos. Esse ajuste de velocidade é praticamente o responsável pelo sucesso ou insucesso de uma equipe. Para isso, é necessário ajustar perfeitamente o ponto de referência ou handcap utilizado em cada zona de passagem, para que os elementos que se revezam possam fazer o revezamento na máxima velocidade. Isso requer muita paciência e constantes ajustes no ponto de referência.
d) Finalmente, de tempos em tempos, deve-se fazer a equipe realizar a corrida completa, a fim de se verificar como está funcionando o conjunto.
O REVEZAMENTO 4 X 400 METROS
Como exemplo para o estudo das provas de revezamento longos, faremos um estudo da corrida de 4 x 400 m, por ser ela a representante oficial desta classe do revezamento. As outras provas são as corrida de 4 x 800 m, 4 x 1.500m, o revezamento sueco 400 x 300 x 200 x 400 m e outros.
A principal característica desse tipo de revezamento aos revezamentos rápidos, a troca entre os corredores não realiza com tanta velocidade, devido ao cansaço com que cada um dos corredores termina sua etapa de corrida, produzindo relativo débito de O2 e falta de forças suficientes para que seja imprimido um ritmo mais veloz no final da corrida. Por esses motivos, a entrega do bastão nesta prova se faz através da passagem visual. Mas devemos descrever e aconselhar apenas três deles por serem os mais comuns e de comprovada eficiência.
1) Passagem ascendente: Idêntica à passagem ascendente alemã, utilizada nos revezamentos de velocidade do tipo não-visual, diferindo apenas no fato de que o corredor que vai receber o bastão, embora já estando correndo, se mantém olhando para o companheiro de trás, até que este lhe coloque o bastão na mão. No momento em que vai ser feita a passagem do bastão, o corredor que vai receber estende para trás o braço, de maneira que a palma da mão fique voltada para o interior. O dedo polegar se coloca voltado para o chão e os demais unidos, apontados para o companheiro que vem chegando com o bastão. Através de um movimento ascendente da sua mão, o entregador deposita o bastão do receptor de que forma que a extremidade livre do bastão seja aquela a ser agarrada pelo corredor que o recebe. Nesse momento, este corredor tem o olhar dirigido para trás, visualizando toda a ação do seu companheiro.
2) Passagem descendente: Com as mesmas características da passagem descendente não-visual. O receptor inicia a corrida olhando para trás, para o companheiro. Para receber o bastão, ele coloca o seu braço estendido para trás, tendo a palma da mão voltada para cima e os dedos unidos à exceção do polegar, que fica separado. Preparando-se desta maneira, o bastão é colocado em sua mão através de um movimento descendente do braço do entregador, que coloca a extremidade livre do bastão a mão do corredor que está recebendo.
3) Finalmente, o tipo de passagem mais comum no revezamento 4 x 400 m onde o passador, ao se aproximar eleva seu braço, com o bastão verticalizado. O receptor, controlando a velocidade, corre com o tronco voltado para o interior da pista e num movimento de fora para dentro, arranca o bastão da mão do passador. Logo nos primeiros passos, troca o bastão de mão. Para o revezamento 4 x 400 m existe apenas uma única zona de passagem (de 20 m, sem zona opcional) situada no mesmo local do início e fim da corrida.
CORRIDA DE REVEZAMENTO
TIPOS OU ESTILOS DE PASSAGEM DO BASTÃO 4 x 100 m
Dentre os estilos que já foram experimentados, utilizados e abandonados, ficou comprovada a eficiência, evidente com alguns inconvenientes, de dois estilos para a passagem do bastão: o francês ou descendente e o alemão ou ascendente.
Francês ou descendente: Neste estilo, o corredor que vai receber o bastão, ao ouvir o sinal do companheiro que está de posse do objetivo, estende para trás um dos braços, previamente determinado, colocando a mão com a palma voltada para cima e com os dedos unidos, à exceção do polegar, que se afasta dos demais, colocando se em posição de recepção. Nesse momento, o corredor que conduz o bastão coloca-o através de um movimento de cima para baixo e pela extremidade livre do mesmo, na mão do receptor, que o agarra rapidamente e coloca o braço em posição de corrida, dando prosseguimento à corrida. A vantagem deste estilo está no fato de que a maneira como o bastão é colocado sobre a mão do companheiro possibilita um espaço livre maior, o que facilita a entrega seguinte.
Alemão ou ascendente: Aqui, para receber o bastão, o corredor coloca o braço de ação semi-flexionado para trás, com a palma da mão voltada para cima e o companheiro que se aproxima, tendo os dedos unidos, excetuando o polegar, que forma uma letra V voltada para baixo, em direção do solo. Dessa forma, o bastão é colocado em sua mão através de um movimento de baixo para cima, executado pelo companheiro que se faz a passagem. Daí a denominação da passagem ascendente, devido à trajetória de elevação do bastão para ser depositado na mão do corredor receptor. O inconveniente deste estilo no perigo de o bastão cair da mão, uma vez que a mão receptora deve se unir ou ficar muito próxima à mão do companheiro que faz a entrega, a fim de não faltar espaço no bastão nas passagens seguintes, isto é, a metade anterior do bastão precisa ficar livre.
FORMA DE PASSAGEM DO BASTÃO
Dependendo da distância do revezamento, existe uma forma particular para se fazer a passagem do bastão. Como existem duas classes de revezamentos, os rápidos (4 x 50 m, 4 x 75 m e 4 x 100 m) e os longos (4 x 400 m para cima), são utilizadas, então, duas formas de passagem, uma para cada classe: a passagem não-visual ou "às cegas" e a passagem visual.
Passagem não-visual ou "às cegas": Como já contamos, a técnica da passagem do bastão visa uma realização extremamente rápida nas trocas entre os componentes da equipe e qualquer procedimento utilizado este fim, que resulte em ganho de tempo, deve ser aproveitado da melhor maneira. É por esse motivo que os revezamentos de velocidade (4 x 100 m) utilizam a forma não-visual ou "às cegas" que recebe essa denominação porque, no momento em que se está processando a passagem, o corredor que recebe o bastão o faz sem olhar para trás, já sabendo da ação do companheiro, isto é, toda a ação se efetiva automaticamente. Assim, são economizadas preciosas frações de segundos, o que irá se refletir positivamente a esses motivos, para ser eficiente, a passagem não-visual ou "às cegas" precisa ser muito treinada entre os quatros elementos que compõem a equipe, para se tornar automática.
Passagem visual: Esta forma de passagem do bastão é característica dos revezamentos longos (acima de 400 m), que não exigem tanta velocidade ao serem efetuadas as trocas, visto que cada um dos corredores já está bastante cansado ao aproximar-se do final da sua etapa de corrida, o que lhe impede de desenvolver ou imprimir uma velocidade muito alta. Com isso, não se torna necessária a realização da passagem do bastão com tanta rapidez, porque a reduzida condição do corredor que vai fazer a entrega obriga o companheiro receptor a esperá-lo, olhando a sua ação, daí a denominação de passagem visual.
MÉTODOS PARA O DESENVOLVIMENTO DO REVEZAMENTO
Além dos estilos e tipos de passagem do bastão, um outro procedimento a ser levado em consideração, visando o melhor rendimento, na corrida, diz respeito aos.métodos empregados para o desenvolvimento de todo o conjunto dos revezamentos a serem efetuados no transcorrer da prova. Esses métodos, que completam o mecanismo das corridas de revezamento dizem respeito à maneira pela qual o bastão deve ser conduzido durante a trajetória da corrida, ou seja, a mão na qual o bastão deve ser transportado. Para isso, são utilizados dois métodos uniforme e o alternado.
Método Uniforme: Caracterizado pela troca de mãos, porque o corredor recebe o bastão em uma das mãos e imediatamente passa-o para a outra. Exemplo: o primeiro corredor parte com o bastão na mão direita e entrega-o ao segundo em sua mão esquerda; este imediatamente troca o bastão de mão, passando-o à direita, para prosseguir a corrida; e assim sucessivamente, de forma que os quatro corredores realizam suas etapas da corrida conduzindo o bastão na mão direita, realizando portanto uma ação uniforme.
Considerando que existe uma pequena perda de tempo e uma ligeira influência negativa na ação da corrida, esse método já não é o mais indicado, muito embora tenha sido utilizado pela excelente equipe dos Estados Unidos nos Jogos Olímpicos de Munique em 1972, enquanto todas as demais equipes finalistas o método alternado, no qual não se faz a troca de mãos.
Método Alternado: Neste método não existe a troca de mãos; o bastão é transportado na mesma mão que o recebeu e, por este motivo, torna-se necessário adotar algumas medidas para a disposição de cada um dos componentes da equipe dentro da pista. Assim, o corredor transporta o bastão na mão direita corre pelo lado interno da sua baliza e o que recebe já está postado no lado externo da baliza, por onde fará a sua corrida uma vez que o bastão será depositado em sua mão esquerda. No conjunto todo, pela ordem, o primeiro corredor leva e passa o bastão com sua mão direita, correndo pelo lado interno da pista; o segundo corredor recebe, leva e passa o bastão com sua mão esquerda; correndo pelo lado externo da baliza; o terceiro recebe, transporta e passa o bastão com sua mão direita, correndo pelo lado interno e, finalmente, o quarto último componente da equipe recebe o bastão em sua mão esquerda e o mantém na mesma durante toda a corrida, até ultrapassar a linha de chegada, fechando assim o revezamento. Disso se conclui que os revezamentos foram realizados alternadamente - direito, esquerda, direito, esquerda - razão pela qual esse método se denomina método alternado.
O REVEZAMENTO 4 X 100 METROS
Já mencionamos que os revezamentos rápidos possuem três zonas de passagem, nas quais devem ser efetuadas as trocas ou revezamentos entre os corredores. Em hipótese alguma o bastão pode ser passado de um corredor para o outro fora dos 20 m da zona de passagem. Como é necessário que essas trocas sejam efetuadas sem solução de continuidade da corrida, para não prejudicar a velocidade, existe um espaço de 10 m antes do início da zona de passagem, denominado zona opcional, onde o corredor que recebe o bastão se coloca em posição de espera do companheiro que traz o bastão a ser recebido por ele. Essa zona tem objetivo permitir ao corredor receptor do bastão iniciar a sua corrida com antecedência, a fim de entrar na zona de passagem em alta velocidade, para se igualar à velocidade do companheiro que está chegando. Assim, desenvolvendo o mesmo ritmo os dois efetuam o revezamento sem perda de tempo, pois caso contrário haveria uma quebra na continuidade da corrida, porque aquele que recebe não teria espaço para adquirir sua velocidade total. Conseqüentemente, o corredor que chega com o bastão para fazer a entrega teria que diminuir o seu ritmo, prejudicando desta forma o melhor rendimento. O corredor que vai receber o bastão deve se colocar no começo da zona opcional numa posição favorável para executar a sua ação. Para isso, existem duas maneiras de posicionamento: a saída alta e a saída semi-agachada.
Saída alta: O corredor se coloca em pé ligeiramente antero-posterior, tendo o peso do corpo sobre a perna da frente. A cabeça deve estar voltada para trás, com o olhar dirigido ao companheiro que vem ao seu encontro.
Saída semi-agachada: É a posição de espera em que o corredor postado no início da opcional, se coloca na posição de três apoios, com as pernas em afastamento antero-posterior e a mão contrária ao pé da frente apoiada no chão. O olhar deve estar voltado para trás do lado oposto à mão que está apoiada, observando o companheiro que se aproxima. O braço livre é colocado para trás, em posição normal de corrida.
Essas duas posições, adotadas pelos corredores que vão receber o bastão, além de ajudar a impulsão inicial da corrida, também permitem uma melhor visualização do companheiro que está se aproximando com o bastão. Assim, quando este passa por
uma marca feita na pista, denominada handcap ou referência, o receptor do bastão começa a correr e não olhar mais para trás, porque a partir desse instante toda a ação realizada pelos dois corredores é automática, obtida através de treinamento, até que o bastão seja passado de um corredor para o outro. Esse handcap tem uma medida variável, normalmente 20 a 30 pés, uma vez que é determinado de acordo com a velocidade dos dois corredores que vão realizar o revezamento. Assim, quando o corredor que chega com o bastão passa pela marca indicativa do handcap, aquele que vai receber começa a sua corrida sem mais preocupações, pois a marca utilizada como referência lhe dá o tempo suficiente para adquirir uma velocidade igual ou aproximada a do companheiro quando ambos já estão dentro da zona de passagem, prontos para fazer o revezamento, que só acontece através de um aviso dado pelo corredor que vai passar o bastão. Isso acontece nos cinco metros finais da zona de passagem, portanto já no final.
Finalmente, para se chegar ao sucesso na formação de uma equipe de revezamento 4 X 100, é preciso uma combinação de todos esses procedimentos técnicos que acabamos de comentar, mais as perspectiva e a visão do professor ou técnico na escolha dos componentes da equipe. Para a seleção dos elementos que deverão formar uma única unidade, em que cada uma das peças integrantes deve estar totalmente adequada à sua função, levamos em consideração as características individuais de cada um, nas quais se observa o seguinte:
A) O primeiro corredor corre uma distância maior com o bastão em relação aos demais companheiros. Preferivelmente, dever ser um bom corredor de curva porque a sua etapa de corrida é composta da primeira curva da pista. E finalmente, deve ser um grande largador, por ser ele o elemento encarregado de sair do bloco de partida, portanto, o iniciante da corrida.
B) O segundo corredor deve ter sua velocidade combinada com a do primeiro corredor, ou seja sua velocidade inicial deve estar relacionada com a velocidade final do primeiro homem. Deve ter uma reação bastante rápida para iniciar a sua corrida no momento em que seu companheiro passa pelo handcap, para que sua partida seja bastante segura. Precisa dominar perfeitamente o revezamento, uma vez que vai receber e passar o bastão logo a seguir. E deve ser um bom corredor de reta e muito potente porque, juntamente com o terceiro corredor, é o elemento que corre maior distância entre os componentes da equipe (cerca de 126 m
aproximadamente).
C) O terceiro corredor, tal como o primeiro corredor, deve ser um excelente corredor de curva; as demais características são idênticas ao segundo corredor.
D) O quarto corredor, entre todos os componentes da equipe, é aquele que corre a menor distância com bastão na mão, por ser o último corredor, cuja etapa termina na linha de chegada com o bastão na mão. Por ser o último corredor, cuja etapa termina na linha de chegada da prova, precisa estar bem entrosado com o terceiro corredor e dominar perfeitamente a recepção do bastão, não tendo necessidade de ser um bom entregador porque não realiza esta ação, uma vez que é finalizador.
Normalmente, é o melhor velocista porque será o elemento que deverá manter uma possível vantagem conseguida por seus companheiros ou mesmo tirar ou descontar um possível retardamento, ocasionado por alguma deficiência. Com essas considerações, torna-se possível concluir que cada um dos quatro componentes da equipe deve possuir certas características individuais, de acordo com as exigências da prova, e que cada uma dessas exigências deve ser muito treinada para se atingir a maior perfeição. Outro fator que deve ser levado em consideração, por ser também de grande importância é que, após formada a equipe, deve-se manter a mesma ordem ou disposição dos corredores porque o perfeito entrosamento e sincronismo entre todos os elementos é difícil de ser conseguido com total perfeição e as constantes mudanças viriam a comprometer ainda mais a unidade da equipe.
CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE A PROVA DOS 400 X 100 METROS
Para finalizar o estudo da técnica de revezamento do 4 x 100 m, vamos mencionar algumas das conclusões sobre o perfil atual desse tipo de prova, apresentadas no VI Congresso da Associação Internacional de Atletismo, realizado no ano de 1973 em Madri, no qual foi apresentado um panorama técnico de grande importância, visto que os resultados são de grande valor para os professores de Educação Física e Técnicas de Atletismo, porque são produtos de análises das oito melhores equipes de revezamento dos Jogos Olímpicos da Alemanha em 1972.
- Com exceção da equipe dos Estados Unidos, que utilizou o método alternado com troca de mãos., todas as demais empregaram o método alternado sem troca de mãos
- Com exceção da Polônia, que empregou um tipo exclusivo de passagem e da Itália que combinou a passagem ascendente com a descendente, todas as restantes utilizaram a passagem ascendente ou alemã.
- A grande maioria das equipes adotou para os seus componentes a recepção do bastão com o braço estendido.
- Quanto à posição de espera para iniciar a corrida dentro da zona opcional, foram adotadas pela maioria dos corredores a saída alta e a semi-agachada, sendo que, para a primeira e terceira entrega, os corredores se colocavam do lado externo da raia e no lado interno para a segunda passagem. Os que adotaram a saída semi-agachada, em sua maioria apoiavam a mão contrária ao pé que estava à frente, com o olhar dirigido para o interior na primeira e terceira entrega exterior na segunda.
Da essência dessas conclusões, pode-se notar que, atualmente, a eficácia de uma técnica de revezamento rápido se baseia especialmente no método alternado sem troca de mãos, em que os atletas que correm em curva o fazem próximos do lado interno de sua raia e os que correm na reta desenvolvem o seu trajeto bem próximos no lado externo da sua raia. As entregas do bastão são feitas com a máxima velocidade por ambos os corredores, que realizam a sua ação mantendo o tronco em posição ou colocando-o ligeiramente flexionado para receber o bastão. Nota-se que, aparentemente, as corridas de revezamento parecem muito simples. Por esse motivo, a grande maioria de nossos professores freqüentemente improvisam suas equipes ou deixam tudo para o momento, esquecendo ou ignorando esse conjunto de pequeno detalhes que são de importância fundamental, uma vez que sem os mesmos a equipe deixa de ser um conjunto, perdendo a unidade geradora da motivação que permite a continuidade de um trabalho realizado com muita satisfação tanto pelos alunos como pelo professor.
O TREINAMENTO
O treinamento para os componentes de uma equipe de revezamento é o mesmo utilizado para os corredores de 100 a 200 metros rasos, uma vez que normalmente a equipe é formada pelos corredores dessas duas provas. A este tipo de treinamento deve ser acrescido o treinamento técnico, visando a boa realização dos fundamentos desta prova para que haja o necessário entrosamento entre os quatro elementos. Os aspectos técnicos a serem abordados no treinamento desta prova são os seguintes:
a) Saídas do bloco para o primeiro componente da equipe, sem esquecer que, para realizar a saída ele deve ter na mão o bastão.
Para facilitar o apoio dos dedos sobre a pista, podem ser utilizadas algumas formas.
b) O mecanismo da passagem do bastão deve ser ensaiado insistentemente, até que haja uma perfeita execução entre os quatro elementos da equipe. Assim, o primeiro elemento treina a passagem ao segundo; este treina a recepção do primeiro e a passagem para o terceiro; o terceiro treina a recepção do segundo e a passagem ao quarto e este treina a recepção do terceiro e não precisa ser um excelente entregador, porque ele finaliza a prova, não precisando desta maneira passar o bastão a ninguém. Esses exercícios podem ser realizados com os dois companheiros parados no lugar, trotando ou correndo em alta velocidade, quando os fundamentos estiverem dominados.
c) Este item é o mais importante, pois se refere ao ajuste da velocidade entre o primeiro e o segundo, o segundo e o terceiro, o terceiro e o quarto elementos. Esse ajuste de velocidade é praticamente o responsável pelo sucesso ou insucesso de uma equipe. Para isso, é necessário ajustar perfeitamente o ponto de referência ou handcap utilizado em cada zona de passagem, para que os elementos que se revezam possam fazer o revezamento na máxima velocidade. Isso requer muita paciência e constantes ajustes no ponto de referência.
d) Finalmente, de tempos em tempos, deve-se fazer a equipe realizar a corrida completa, a fim de se verificar como está funcionando o conjunto.
O REVEZAMENTO 4 X 400 METROS
Como exemplo para o estudo das provas de revezamento longos, faremos um estudo da corrida de 4 x 400 m, por ser ela a representante oficial desta classe do revezamento. As outras provas são as corrida de 4 x 800 m, 4 x 1.500m, o revezamento sueco 400 x 300 x 200 x 400 m e outros.
A principal característica desse tipo de revezamento aos revezamentos rápidos, a troca entre os corredores não realiza com tanta velocidade, devido ao cansaço com que cada um dos corredores termina sua etapa de corrida, produzindo relativo débito de O2 e falta de forças suficientes para que seja imprimido um ritmo mais veloz no final da corrida. Por esses motivos, a entrega do bastão nesta prova se faz através da passagem visual. Mas devemos descrever e aconselhar apenas três deles por serem os mais comuns e de comprovada eficiência.
1) Passagem ascendente: Idêntica à passagem ascendente alemã, utilizada nos revezamentos de velocidade do tipo não-visual, diferindo apenas no fato de que o corredor que vai receber o bastão, embora já estando correndo, se mantém olhando para o companheiro de trás, até que este lhe coloque o bastão na mão. No momento em que vai ser feita a passagem do bastão, o corredor que vai receber estende para trás o braço, de maneira que a palma da mão fique voltada para o interior. O dedo polegar se coloca voltado para o chão e os demais unidos, apontados para o companheiro que vem chegando com o bastão. Através de um movimento ascendente da sua mão, o entregador deposita o bastão do receptor de que forma que a extremidade livre do bastão seja aquela a ser agarrada pelo corredor que o recebe. Nesse momento, este corredor tem o olhar dirigido para trás, visualizando toda a ação do seu companheiro.
2) Passagem descendente: Com as mesmas características da passagem descendente não-visual. O receptor inicia a corrida olhando para trás, para o companheiro. Para receber o bastão, ele coloca o seu braço estendido para trás, tendo a palma da mão voltada para cima e os dedos unidos à exceção do polegar, que fica separado. Preparando-se desta maneira, o bastão é colocado em sua mão através de um movimento descendente do braço do entregador, que coloca a extremidade livre do bastão a mão do corredor que está recebendo.
3) Finalmente, o tipo de passagem mais comum no revezamento 4 x 400 m onde o passador, ao se aproximar eleva seu braço, com o bastão verticalizado. O receptor, controlando a velocidade, corre com o tronco voltado para o interior da pista e num movimento de fora para dentro, arranca o bastão da mão do passador. Logo nos primeiros passos, troca o bastão de mão. Para o revezamento 4 x 400 m existe apenas uma única zona de passagem (de 20 m, sem zona opcional) situada no mesmo local do início e fim da corrida.