O Coração Oculto do Cosmos
Brian Swimmwe
Vácuo quântico
“Como eu disse antes, uma das principais dificuldades para
compreender a nova história é a forma newtoniana de nossa mente. Isso não é, em
lugar nenhum, mais verdadeiro que no modo com que a compreensão moderna nos
impõe preconceitos a respeito do “vácuo”. Para a mente moderna, “vácuo”
significa espaço vazio. Significa nulidade. Significa “nada”. E, conquanto haja
um modo no qual essas frases possam ser consideradas verdadeiras, descobrimos uma
dimensão mais sutil e profunda para o vácuo, que precisamos explorar aqui.
As discussões a respeito do vácuo ás vezes apontam para
regiões entre os superaglomerados com a melhor aproximação de um vácuo puro, e
esse é um procedimento razoável. Certamente, a matéria e a energia são extremamente
raras entre os aglomerados de galáxias. Mas a consequência infeliz de falar
nesses termos é dar a ideia de que está longe, e isso simplesmente não é verdade.
Ele está em todos os lugares e o lugar a que eu quero me referir para discuti-lo
é o espaço que está bem à sua frente.
Para incorporar a ideia, junte as mãos em concha e pense no
que você tem ali. Quais são os conteúdos na concha de suas mãos? Primeiro, em
termos quantitativos, seriam as moléculas de ar – as de nitrogênio, oxigênio, dióxido
de carbono e traços de outros gases. Haveria muito mais de um bilhão deles. Se
imaginarmos a remoção de cada um desses átomos, ficaríamos segurando partículas
extremamente pequenas como neutrinos do Sol. Além disso, haveria energia
radioativa na forma de luz invisível.
Mas, agora imagine que tenhamos feito isso de alguma
maneira, de modo que não restam nas suas mãos em concha qualquer molécula, nem partículas,
nem fótons. Toda matéria e radiação foi removida. Nada foi esquecido; nenhum
objeto, nenhum conteúdo, nenhum item que possa ser contado ou medido. O que
estaria seria aquilo a que os povos modernos se referem como o “vácuo”, o “vazio”
ou o “espaço puro”.
Agora, passemos às notícias: a investigação cuidadosa desse
vácuo por físicos quânticos revela o estranho aparecimento de partículas elementares
nesse vazio. Mesmo quando não existem átomos, nem partículas elementares, nem
fótons, surgirão, subitamente, partículas elementares. As partículas simplesmente
borbulham para a existência.
Eu compreendo o quanto isso pode parecer estranho e
descabido para quem o esteja ouvindo pela primeira vez. Mas, simplesmente, não existe
um modo de tomar essa descoberta “razoável” A maioria de nós tem mente
newtoniana com um preconceito inerente que considera o vácuo como algo morto. Se
insistimos que só que é matéria é real e que o vácuo é morto e inerte, teremos
de encontrar algum jeito de nos mantermos na ignorância dessa profunda descoberta
dos físicos: partículas que emergem do “vácuo”. Elas não se esgueiram de algum
esconderijo quando se transformam em próton. Essas partículas elementares brotam
do próprio vácuo – essa é a estranha e admirável descoberta. Estou pedindo a
você para contemplar um universo no qual, de algum modo, o próprio ser brota de
um campo de “vazio fecundo”.